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Flávio Bolsonaro nega ter recebido informações da Abin e diz que alegação é 'absurdo completo'


  O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) negou nesta quinta-feira (25) ter recebido informações da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que pudessem beneficiá-lo. Em entrevista ao programa Estúdio i, da GloboNews, o parlamentar afirmou que a alegação é um "absurdo completo".

"Isso é uma história completamente fantasiosa. Nunca recebi relatório de Abin para que pudesse ser beneficiado de alguma forma", afirmou.

Nesta quinta, a Polícia Federal deflagrou uma operação para investigar suposto esquema ilegal de espionagem pela Abin, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). À época, a agência era comandada por Alexandre Ramagem, hoje deputado federal.

A operação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Na decisão, Moraes disse que a Abin foi usada para elaborar relatórios de defesa a favor do senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente.

"A utilização da Abin para fins ilícitos é, novamente, apontada pela Polícia Federal e confirmada na investigação quando demonstra a preparação de relatórios para defesa do senador Flávio Bolsonaro, sob responsabilidade de Marcelo Bormevet, que ocupava o posto de chefe do Centro de Inteligência Nacional – CIN, como bem destacado pela Procuradoria-Geral da República", continuou o ministro.

Os relatórios teriam sido usados para defesa do senador no caso da "rachadinha".

No início do mandato de Bolsonaro na Presidência, Flávio foi acusado de recolher parte dos salários dos servidores de seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, no período em que ele era deputado estadual. Posteriormente, a investigação foi anulada pelos tribunais superiores.

Na entrevista à GloboNews, o senador disse que não recebeu qualquer relatório da agência e que nenhum material do tipo foi usado pela defesa no caso.

"Eu nunca recebi relatório nenhum e, ainda que tivesse recebido, isso aí é imprestável, minha defesa nunca usou isso para nada. Isso não teria nenhuma utilidade para mim, assim como não teve."

"Minha situação jurídica foi resolvida com teses que não tem absolutamente nada a ver com qualquer material que a Abin pudesse produzir", afirmou Flávio Bolsonaro.

Flávio Bolsonaro também negou que o governo tenha usado o software israelense "First Mile" para monitorar adversários.

De acordo com as investigações da Polícia Federal, integrantes da Abin faziam o monitoramento ilegal por meio da ferramenta de geolocalização, que permite identificar as movimentações de pessoas por meio dos celulares delas.

A apuração aponta que o esquema monitorou celulares de servidores públicos, políticos, policiais, advogados, jornalistas e até mesmo juízes.

Entre os alvos da suposta espionagem estariam "desafetos" de Bolsonaro, como os ministros do STF Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, e o ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia.

Flávio Bolsonaro pediu uma "investigação isenta" da situação, e disse que, se houve espionagem, os responsáveis devem ser punidos.

"Nós não temos nenhum interesse em usar a Abin para perseguir adversários políticos, nós nunca fizemos isso. Nunca usamos a Polícia Federal para isso, a PGR para isso. São instituições autônomas, respeitadas, que têm seus profissionais qualificados para buscar a verdade, mas com base na lei e produzindo provas", disse.

O relatório da PF também aponta que a estrutura da Abin foi usada durante o governo de Jair Bolsonaro para monitorar Simone Sibilio, ex-coordenadora da força-tarefa do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) que investigou as mortes de Marielle Franco e Anderson Gomes.

A decisão de Moraes não esclarece qual seria o objetivo do monitoramento da promotora responsável pelo caso. Questionado sobre qual seria o interesse do governo do ex-presidente em acompanhar a promotora, Flávio Bolsonaro respondeu "nenhum".

"Interesse nenhum. Nós nunca tivemos nenhuma preocupação com relação ao caso Marielle. O presidente Bolsonaro nem conhecia Marielle até vir essa covardia que aconteceu, de ela ter sido assassinada de uma forma brutal, covarde. Felizmente, a polícia está dando os direcionamentos", disse.
O senador também disse que conheceu e admirava a postura de Marielle enquanto vereadora do Rio de Janeiro (RJ), e que ela fazia um "debate honesto e correto".

"Eu fui, eu cansei de ir a debates em universidades, em colégios públicos, em praças com a Marielle. Uma pessoa super respeitosa. Sempre me tratou de igual para igual."

Fonte: G1

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