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Professora presa por engano dividiu cela com 21 mulheres e perdeu a própria formatura: 'Pensei que ia ficar lá abandonada'


 

A professora Samara Araújo, presa por engano no Rio de Janeiro, precisou dividir cela com outras 21 mulheres em um dos oito dias em que passou no presídio feminino de Benfica. Ela foi solta na sexta-feira (1º), e teve um reencontro emocionado com a família (veja no vídeo acima). Moradora de Rio Bonito, ela teve a vida virada de cabeça para baixo quando foi acusada de um crime cometido há 13 anos – quando ela tinha só 10 anos – e no estado da Paraíba, a milhares de quilômetros de onde mora. Ao chegar na cadeia, o que a jovem sentiu foi abandono. "Enquanto eu estava lá, eu não soube que estava todo mundo se juntando para me ajudar. Eu fiquei com a sensação que eu ia ficar lá abandonada", relata. Depois de chegar no presídio, ela conseguiu um colchão para dormir. "Eu arranjei um colchão no canto e fiquei os dias lá. Três noites eu dividi com uma pessoa de confiança, depois ela foi pra Bangu [outro presídio]. Todo dia chegava gente e ia gente embora. Era temporário. Mas chegou a ficar 21 mulheres na cela", conta. De fora da própria formatura Sem saber se era dia ou noite, Samara não pôde participar da própria formatura na graduação de Matemática na UFF. A cerimônia foi no último fim de semana, enquanto ela ainda estava presa. Do lado de fora, a angústia da família. O pai da moça dormiu na porta da penitenciária todos os dias, dentro do carro, até a liberação dela. Entenda o caso Samara foi acusada de um crime de extorsão cometido há 13 anos atrás, quando ela tinha apenas 10 anos – o que pela lei é proibido, porque um menor não responde a crimes. "Sempre trabalhei, dei minhas aulas, faço tudo correto, nunca esperava parar ali", afirma a jovem. Ela estava na casa de um aluno particular quando os policiais chegaram para cumprir o mandado. "Eu me desesperei", relembra. Samara foi acusada de um crime de extorsão cometido há 13 anos atrás, quando ela tinha apenas 10 anos – o que pela lei é proibido, porque um menor não responde a crimes. "Sempre trabalhei, dei minhas aulas, faço tudo correto, nunca esperava parar ali", afirma a jovem. Ela estava na casa de um aluno particular quando os policiais chegaram para cumprir o mandado. "Eu me desesperei", relembra. Em 2010, um comerciante de São Francisco, na Paraíba, foi coagido por telefone por uma pessoa que dizia estar armada na frente da loja. Com medo da morte, o homem teve que fazer oito transferências de R$ 1 mil. As investigações mostraram que uma das contas estava no CPF de uma moradora de Rio Bonito, a mais de 2 mil quilômetros de distância. De acordo com a defesa de Samara, o CPF dela foi roubado e usado pelos criminosos para abrir as contas bancárias. Indignada, ela não pretende esquecer o que aconteceu. "Esquecer não tem como. Porque se eu esquecer, vou ignorar algo que acontece no seu país e antes eu não tinha noção", revela. Apaixonada por matemática Samara tem 23 anos e é professora de matemática de uma escola particular de Rio Bonito. Mãe de um menino de 2 anos, ela acaba de se formar na graduação de matemática da UFF. Mas, ela não pôde ir à formatura porque estava presa. No entanto, não foi isso que mais doeu na moça nesse período, mas sim a ausência do filho. "Doeu ficar sem ver meu filho, ele ia estranhar quando eu chegasse. Meu medo era voltar e não reconhecer ele também", desabafa. Ela usa um perfil apenas para compartilhar sua rotina de estudos e dar dicas sobre o tema. “Um bom professor nunca para de estudar”, tinha escrito ela há pouco tempo na internet. O que dizem os envolvidos A Polícia Civil do Rio disse que apenas cumpriu o mandado de prisão e que a investigação é da polícia da Paraíba. O Ministério Público da Paraíba afirma que se manifestou favorável à defesa assim que ficou ciente, na última terça-feira (28). O ministério confirmou que o grupo criminoso usava CPF de terceiros. Já o Tribunal de Justiça da Paraíba disse que o alvará de soltura foi expedido e que o próprio advogado de Samara agradeceu o empenho da Justiça em solucionar o caso. Fonte: G1

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