A invasão russa na Ucrânia, que teve início na madrugada da última quinta-feira (24), já fez com que mais de 600 mil pessoas deixassem o país em meio a bombardeios. Entre estrangeiros e ucranianos que partem em direção à fronteira, estava o jundiaiense Vinicius Matheus Fernandes, jogador de futebol que estava hospedado em uma casa, junto com mais seis atletas.
“Nós estávamos hospedados em uma casa que fica a uma hora da fronteira com a Polônia e na quarta-feira (23), dia anterior ao ataque, já planejávamos sair na manhã seguinte. De repente, por volta das 5h30 de quinta-feira (24), ouvimos sirenes que indicavam o início da guerra. Com isso, o nosso transporte que nos levaria desistiu e precisamos esperar até o período da tarde… E ainda andamos a pé por mais de duas horas, carregando nossas malas, por conta do trânsito absurdo”, explica Vinicius.
A luta para deixar o país resultou em 48 horas sem dormir e 29 horas em pé, sem comer ou ir ao banheiro. “Na fronteira não tinha nenhuma organização. Eram pessoas passando por cima umas das outras, mães com crianças de colo e idosos pedindo ajuda. Infelizmente não havia muito como ajudar, era algo do tipo ‘salve-se quem puder’. Foi horrível, mas conseguimos passar pela porta no primeiro dia de guerra, em meio a uma multidão desesperada, e eu até perdi uma mala”, relembra o jogador de futebol.
A difícil decisão de permanecer em um país em guerra
A jornalista e modelo jundiaiense Paula Pereira decidiu permanecer em Odessa, cidade do sul da Ucrânia, onde mora. Paula se sente mais segura em casa do que tentando chegar até a fronteira… E o fato de seu marido ucraniano, Sergei, não poder partir, também a segura lá. Isso acontece porque foi instituída lei marcial no país, que proíbe a partida de homens ucranianos entre 18 e 60 anos, para o caso de precisarem se juntar ao exército.
“Como ter paz deixando a Ucrânia, sabendo que meu marido ficou? Juntos, nós nos fortalecemos, na esperança de que esse conflito acabe nos próximos dias”, diz a jornalista.
Em vídeo nas redes sociais, Paula fala sobre sua rotina. “Muita gente se pergunta como é viver em um país em guerra. Falando pela minha experiência com meu marido, morando em uma cidade que ainda não foi atacada… Passamos muito tempo refletindo enquanto assistimos ao noticiário, nos perguntando o quanto o perigo está longe ou perto. Eu já não saio mais de casa, apenas Sergei que vai ao mercado, e só. Poucas lojas estão abrindo, e por poucas horas”, relata.
“A cidade de Odessa passa 95% do tempo em silêncio. De certa forma, nos sentimos seguros, mesmo que ainda preocupados. Nos sentimos prisioneiros em casa, mas pelo menos é em casa que temos tudo o que precisamos: água, luz, internet e comida. No entanto, parece uma tranquilidade ingênua, porque muitas cidades estão sendo bombardeadas e pessoas estão sofrendo”, explica Paula.
O casal permanecerá no país o máximo de tempo possível. “Faço questão de voltar ao Brasil acompanhada de meu marido. Enquanto isso, tentamos viver uma rotina sadia, tentando se alimentar de coisas boas materiais e imateriais, para manter nosso otimismo. É hora de encontrar mecanismos necessários para sobreviver a esse momento”, diz.
(Fonte: TVTEC Jundiaí/Imagens: Reprodução/Redes Sociais)
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