O jovem algemado que aparece num vídeo divulgado nas redes sociais sendo puxado por uma moto pilotada por um policial militar tem 18 anos e foi preso por suspeita de tráfico de drogas e de dirigir sem habilitação. O caso ocorreu na tarde de terça-feira (30), na Avenida Professor Luiz Ignácio de Anhaia Mello, na Vila Prudente, Zona Leste de São Paulo, e viralizou na internet.
Até a última atualização desta reportagem, o rapaz, identificado como Jhonny Ítalo da Silva, continuava detido e aguardava ser levado para uma audiência de custódia na Justiça. Segundo o Boletim de Ocorrência (BO) do caso, registrado no 56º Distrito Policial (DP), Vila Alpina, o jovem é desempregado e pilotava uma motocicleta quando furou um bloqueio policial. O nome do PM que o puxou não foi divulgado no registro policial.
Ainda segundo o registro da prisão em flagrante do suspeito que foi feito na delegacia, ele passou a ser perseguido pela equipe da Ronda Ostensiva Com Apoio de Motocicletas (Rocam) da PM. Depois, o rapaz bateu a motocicleta que pilotava numa ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que fazia um atendimento de socorro na região.
Depois disso, ainda de acordo com o BO, ele largou a moto que usava e começou a correr até ser alcançado por um policial que estava numa moto da Rocam. Ainda segundo o boletim, o rapaz foi algemado. As imagens que circulam na web o mostram preso à moto e levado em seguida.
De acordo com o relato do PM que o deteve, o jovem se passava por entregador de comida por aplicativo. Segundo o registro policial, dentro da mochila que ele usava foram encontrados 11 tabletes de maconha.
De acordo com o BO, o suspeito confessou que ganharia R$ 150 para levar as drogas até a região de São Mateus, também na Zona Leste. Ele foi atuado em flagrante por tráfico de drogas no 56º DP. Depois foi transferido para a carceragem provisória do 31º DP, Vila Carrão.
O policial militar que aparece nas imagens foi afastado preventivamente do trabalho operacional nas ruas pela Polícia Militar (PM), que abriu um inquérito na Corregedoria da corporação para apurar a conduta do agente. Ele pode ser advertido, suspenso e até expulso.
O PM também pode responder por crimes de tortura, racismo e abuso de autoridade, segundo um especialista em direitos humanos ouvido pelo g1. O jovem é negro.
"O PM deve responder por crimes de tortura e abuso de autoridade", falou nesta quarta-feira (1º) o advogado Ariel de Castro Alves, membro do Grupo Tortura Nunca Mais. "E dependendo do depoimento da vítima e de testemunhas, por racismo também."
Segundo Ariel, os crimes de tortura, racismo e abuso de autoridade contra o policial militar poderiam ser investigados pela Polícia Civil em paralelo à apuração da Corregedoria da PM.
"Nesse caso pode ter inquéritos na Polícia Civil e IPM na Corregedoria", disse o membro do Grupo Tortura Nunca Mais.
(Fonte/ G1)
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