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Família pedirá indenização por dano moral, após aluna sofrer racismo por parte da professora em Jundiaí




O caso do “suposto” comentários de cunho racistas que uma professora fez para uma aluna de 12 anos da EE Cecília Rolemberg Porto Gueli, na vila Rio Branco, em Jundiaí, no último dia 10 deste mês vem ganhando novos capítulos, a família vai processar e pedir indenização por dano moral, a Polícia Civil e a Secretaria de Educação estão investigando o caso e os movimentos negros cobram uma desculpa publica da instituição de ensino.  

 

O caso foi divulgado pelo site ponte.org, especializado em debater questões relacionadas aos direitos humanos, e a reportagem foi assinada por Gil Luiz Mendes.


Tendo sido vice-presidente da Comissão da Igualdade Racial na empresa OAB Jundiaí, Ieda Jesus assumiu o caso representando a família da estudante. A advogada confirmou que um boletim de ocorrência de ‘injúria racial’ foi registrado na Polícia Civil. A menina e os pais estão abalados e buscaram apoio com psicólogo particular 



Após a diversos veículos de comunicação repercutirem a notícia, tanto a Polícia Civil quanto a Secretaria de Educação anunciaram que estão investigando a denúncia de racismo, no qual, a professora de geografia teria dito que as meninas precisam se cuidar mais para agradar os meninos e citou uma aluna negra de 12 anos, com cabelo crespo, sugerindo que ela deveria fazer chapinha.


A direção da Escola Cecília Rolemberg, na vila Rio Branco, recebeu no dia 17 um ofício feito pelos movimentos negros de Jundiaí pedindo providências para que novos casos de racismo não ocorram mais. Os ativistas querem que a escola se desculpe publicamente. 


Entenda o Caso


Em suas redes sociais a garota, de pele negra, cabelo cacheado e volumosos e olhos verdes, que foi vítima de racismo e postou um vídeo, no qual, afirma: “no final da aula, a professora fez algumas críticas ao meu cabelo. Disse que é muito feio, não combina com meu olho verde, que eu precisava passar uma escova ou um creme porque o meu cabelo é muito bagunçado. No momento fiquei um pouco constrangida porque foi na frente de todos os meus colegas de classe. Chega de preconceito! Meu cabelo não é bagunçado e feio. Eu tenho cabelo crespo e não vou alisá-lo”.


Em entrevista ao site ponte.org, a mãe da estudante conta que a filha ficou muito abalada e chorou o dia inteiro: “No dia 10, cheguei em casa por volta das oito da noite e percebi que ela estava muito triste e com os olhos inchados de tanto chorar. Pedi para ela me contar o que tinha acontecido e ela disse que durante a aula a professora começou a falar dos meninos que eles eram bonitos e usou até o exemplo do irmão dela que tem o cabelo liso e que ele se tornaria um garanhão quando crescesse. Ainda falou que as meninas tinham que se cuidar e se arrumar”.


O ato de racismo e o constrangimento que a estudante do sexto ano sofreu, foi relativizado pela coordenação da escola, de acordo com relatos da mãe, o corpo docente da escola apenas fez co que a professora lhe pedisse desculpas, do que foi classificado por eles de “uma brincadeira”.


“Eu liguei e ele me disse que não poderia me atender naquele momento porque estava dirigindo. Retornei a ligação momentos depois e ele não me atendeu mais”, disse a mãe da vítima relatando que após tentar por uma série de telefonemas com o coordenador do estabelecimento de ensino e não ser atendida.


No dia 13 a escola entrou em contato com a família da estudante informando que a professora seria advertida após as declarações. O que não satisfez a mãe da vítima que desconte com a demora e a postura da escola fez um boletim de ocorrência. O caso foi registrado pela Polícia Civil como injúria racial.


Desde o mês de outubro deste ano, o Supremo Tribunal Federal equiparou a pena deste tipo de delito com os crimes de racismo e não podem mais ser prescritos, o condenado pode pegar de três a cinco anos, neste caso, como o suposto crime foi praticado contra uma menor de idade poderá ser acrescido mais um terço do tempo.


O movimento Jundiaí Sem Racismo vem acompanhando o caso e repudiou o fato de racismo ocorrido na escol e como a direção conduziu o caso. “O que aconteceu com esta garota em um colégio público estadual, onde a ação da professora e a não tomada de decisão e providências cabíveis para o momento, o grau de importância zero para o ocorrido, por parte da direção e da coordenação do colégio, prova que a luta antirracista em conjunto com uma educação antirracista, se faz cada vez mais urgente e necessário”, disse o coordenador da frente Vanderlei Vicitorino ao site ponte.org.

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