Em novembro de 1967, Eralina Ferreira de Souza, conhecida como Laurinda, hoje com 82 anos, viveu o momento mais difícil de sua vida. Nessa data, os filhos Vera Lúcia Erculano de Barros (Nina), de 5 anos e Antônio Erculano de Barros, de 4 anos, foram sequestrados ao saírem para comprar leite para Valdir, filho caçula.
Desde então, a família mobilizou diferentes campanhas para tentar localizá-los, principalmente uso de programas de rádio, muito utilizado na época para estes fins. Foi aí que descobriram que as crianças haviam sido levadas pelo ex- marido Ismael Erculano de Barros (falecido), que fugiu com as crianças e nunca mais foi visto.
A angústia de Eralina, quase chegou ao fim na manhã desta segunda-feira (16), quando um dos filhos veio do Paraná para o bairro do Jardim Santa Gertrudes, em Jundiaí reencontrá-la.
Lucy Colovatti, a Preta, uma das irmãs relatou a reportagem que eles conseguiram encontrar Antônio através de uma agência de investigação particular, a Agência R3 Investigações, através do agente investigativo Rodrigo Rolim, que após ver uma postagem no Facebook, se comoveu com o drama e assumiu o caso, sem cobrar nada da família.
Após levantamento de informações básicas e valendo-se de métodos profissionais, além de ferramentas, equipamentos e recursos tecnológicos, foi levantado o maior número de pistas possíveis, conseguindo localizar um dos filhos desaparecidos, o Antônio, hoje com 58 anos de idade.
O investigador Rodrigo comenta que entende a dor da família, que se assemelha com a dor do luto, as vezes ainda pior. A incerteza se o filho vai ou não voltar para casa, muitas das vezes destrói o lar e causa muitos danos emocionais. Ele faz questão de investir seu tempo e recursos na procura de Nina, completando o sonho de Eralina.
O encontro
Às 9 horas desta segunda-feira (16) um ônibus vindo do Paraná estacionava em uma das plataformas do Terminal Rodoviário de Jundiaí. A ansiedade de Preta e de outros membros da família Ferreira de Souza estava a flor da pele, suficiente para correr até o veículo, não dando tempo para Antônio pegar a bagagem. O encontro foi emocionante, valendo-se de abraços, lágrimas e oração, momento em que Preta ajoelha-se no terminal e agradece a Deus por aquele momento, sem esquecer de pedir pelo reencontro da outra irmã.
A caminho do bairro Jardim Santa Gertrudes, uma comitiva se dirigiu até a casa da família que aguardava o filho desaparecido com festa e cartazes.
Na estante algumas fotos da família adornavam a sala, entre elas duas molduras vazias chamavam atenção. Eralina manteve as duas molduras, mesmo vazias, representando seus filhos e a esperança deste encontro para que assim fossem preenchidas com uma nova imagem. Antônio e Vera Lúcia (Nina) nunca foram esquecidos.
Dircélio Timóteo
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