Uma empresa desistiu da contratação de um funcionário após descobrir que ele era um homem trans. O caso ocorreu em Petrolina (Pernambuco), com Eduardo Príncipe Rocha, que contou a situação em suas redes sociais.
De acordo com com seu relato e matéria do portal BHAZ, o empregador alegou que não havia percebido que Eduardo era transexual e que todas as "cotas de pessoas diferentes" estavam completas no quadro da empresa e que a vaga era para o sexo masculino.
Vamos dar uma última forma nas conversas que tivemos. De minha parte, não segui o roteiro correto das entrevistas e não o identifiquei na primeira hora. 99% do meu quadro é composto por mulheres. Meu objetivo com essa vaga é contratar um monitor, consequentemente do sexo masculino. Minha cota de pessoas diferentes já está atendida e completa com o que demonstro não ter preconceito”
Em publicação nas redes sociais, Eduardo disse que vai recorrer à Justiça. “Quero voltar aqui já com a denúncia formalizada, porque isso não pode ficar aqui. Eu estou recebendo mensagem de outras pessoas trans, do país todo”, disse.
Segundo ele, o objetivo é dar exemplo a outras pessoas trans que passam por isso. “Porque não é justo, não é digno, a gente é gente normal, temos habilidades normais, assim como a gente tem dificuldades”.
Em suas postagens após a repercussão do caso, Eduardo contou que sofreu uma forte depressão no início do ano.
“Eu tentei tudo o que eu podia. Eu fiquei desempregado no começo do ano. Eu estava com um quadro depressivo muito forte, síndrome do pânico, mas eu consegui vencer e sair para a rua para trabalhar. Por conta da depressão, essa parte financeira fica bagunçada, tudo fica bagunçado. Eu acabei ficando extremamente desorganizado nesse sentido, coisa que eu nunca fui”.
Ele completa falando que o novo emprego o havia deixado animado.
"Eu falei: ‘Eu vou cortar o meu cabelo, vou ficar bem bonito, arrumado, para poder começar a trabalhar com outra energia’, e estava contando com isso, então eu estava muito seguro e ia dar certo, ia poder pagar o seguro do carro, se fosse o caso, mas também as outras contas que eu tinha, as dívidas, a vida”.
Por fim, ele relata o quanto a exclusão afeta a dignidade das pessoas: “Estou sensibilizado, não é só pensando na minha situação, mas pensando na quantidade, como sempre pensei, de pessoas trans, travestis e LGBTs de forma geral que passam fome porque não têm um lar, um emprego. E trabalho é sobrevivência, gente”.
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