“Eu olhei para aquele morro e me deu vontade de cavar um buraco para construir uma casinha ali. Em um dia, eu acordei e pensei: ‘quer saber, vou fazer’. E simplesmente fiz. Foi assim que tudo começou”, conta.
A construção foi tomando forma e moldando a si mesma, na medida em que o casal encontrava novos materiais e formas de trazer vida ao local. O tronco da árvore caída virou sofá, parte da porta e um móvel na cozinha. Com o tempo, até as plantas se “adaptaram” à pequena casa.
“O mais legal de tudo é que nós olhávamos para os materiais e tentávamos ver qual conversa eles traziam para a gente, o que poderiam virar. Nossa imagem era fazer um ninho com amor e, aos poucos, quase como mágica, a casa foi se revelando para nós”, relembra Meriele.
As lições dos filmes e dos livros que foram aplicadas durante a obra acabaram ficando e se tornaram parte importante da história da família.
“Nos filmes, os hobbits mostram o amor por todas as formas de vida. As plantas, as flores e também a boa comida. Eles descrevem com muito carinho e foi aí que achamos uma conexão. Tinha tudo a ver com a gente”, afirma Meriele.
Detalhes mais que especiais
O casal explica que cada canto da casa foi feito com muito cuidado, e o resultado surpreendeu não só familiares e amigos, mas eles mesmos também. Além da árvore, pedaços de madeira e até um poste velho serviram como pilares na estrutura da pequena toca.
“Eu prometi que ia fazer algo com essas árvores e com os objetos e restos de obras de achávamos. Creio que seja uma forma de retribuir tudo o que a natureza nos dá, reaproveitando seus materiais e colocando muito amor no processo”, diz Getúlio.
Não só a estrutura, mas cada pequeno detalhe se tornou especial durante o processo de construção e de decoração da casa dos hobbits. Quadros, almofadas, peças de decoração… Tudo saiu das mãos de Meriele. O desenho da tão famosa porta redonda também foi feito especialmente para a família por um artista.
“Queríamos que fosse algo realmente nosso, feitos por nós. Acredito que isso muda totalmente o propósito de tudo. Quando é feito com amor, transborda e transparece”, afirma Meriele.
O abrir das portas e do coração
Desde o começo, a intenção era usar o espaço como um refúgio, um ninho para a família se aconchegar. Mas, ao virem o resultado, Meriele e Getúlio foram incentivados a abrir as portas para o público.
“Nossos amigos viram a casa e nos falaram: ‘vocês estão malucos! Como que algo assim existe de verdade? As pessoas precisam ver isso’. E foi então que começamos a pensar em receber hóspedes”, lembra Meriele.
No entanto, o processo não foi tão simples e, de certa forma, o “sentimento hobbit” veio à tona. “Lembramos de como o Bilbo não queria que ninguém entrasse na casa dele e, logo que abrimos, sentimos um pouco disso, mas decidimos continuar com a ideia”, explica Getúlio.
A casinha acabou virando um destino perfeito, mesmo durante a pandemia do coronavírus. A vista tranquila e isolada nas montanhas, em meio à Serra do Japi, proporciona um momento mágico e seguro.
“Nos preocupamos com a privacidade dos hóspedes e com a nossa também. A privacidade não pode ser ferida. O espaço precisa ser respeitado. Também abrimos somente em temporadas, com pausas orgânicas. Essa pausa é importante tanto para terra, quanto para nós”, diz.
Encanto para turistas
Em apenas alguns meses de abertura, o cantinho de Meriele e Getúlio ganhou o coração de muitos hóspedes, que ficaram boquiabertos com a construção. Eduardo Feltrin e Carolina Barduk sentiram isso na pele.
O casal é de São Paulo (SP) e trabalha com turismo nas redes sociais. Com vídeos e fotos, eles mostram lugares diferentes e inusitados em todo o estado e já conquistaram milhares de seguidores.
“Com a pandemia, tivemos que mudar um pouco o nosso roteiro. De início, nos preocupamos se conseguiríamos continuar o trabalho. Começamos a procurar lugares diferentes, mas que fossem mais isolados e seguros. Foi aí que encontramos a Casa Hobbit”, conta Eduardo.
A estadia de quatro dias foi suficiente para mudar um pequeno pedaço do coração dos dois. Para Carolina, a atmosfera da casa é o principal diferencial.
“Você percebe que tudo ali tem amor, tudo ali tem muito carinho e cuidado. É uma calma, uma paz, que não tem explicação. Faz você enxergar as coisas de outra forma, aproveitar melhor cada minuto do seu tempo”, lembra.
(Fonte/Imagem: G1)
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